transformação [figital] estratégica

Mercados estão em transição. Desde a internet comercial, em 1995, havia sinais de que, alguma hora, o comportamento das pessoas, nos mercados, seria digital first. A mudança no comportamento das pessoas para digital [first] e a chegada das nuvens digitais, que zeraram a necessidade de capital para criar novos serviços digitais foi o que, em último caso, levou à grande ruptura digital em quase todos os mercados e à necessidade de transformação digital das empresas incumbentes.

A década de 2020 deverá ser a segunda e última da grande transformação digital dos negócios. Até porque quem não conseguir competir em espaços figitais não conseguirá competir. Mas inovação, adaptação e evolução continuarão essenciais para sempre, até porque sempre foram, pelo menos para negócios que causam e sobrevivem a mudanças. Agora, serão inovação, adaptação e evolução digitais contínuas, em rede.

tempo de transformar

tudo está [ou estará] em rede, conectado

Uma das caraterísticas mais marcantes do futuro figital é que todas suas facetas estão [e são definidas] em rede. Redes. Redes digitais, como substrato para tudo.

Os métodos [de trabalho] das pessoas, dentro dos negócios, estão em rede; se não estiverem -se não houver os graus de liberdade de tomada de decisão e de ação- em rede, a eficiência e eficácia das articulações dentro do negócio não conseguirão criar -e não irão acompanhar- os efeitos de rede no mercado. E mercados são redes.

Os sistemas [de tecnologias] dos negócios -pelo menos dos que querem sobreviver- estão em rede. Usam a rede para coopetir e são insumos para coopetição em rede. Habilitam o maior e mais competitivo e ao mesmo tempo colaborativo conjunto de agentes [para competir e colaborar] que definirão seus mercados. A rede são sistemas, em rede.

O mesmo ocorre nos modelos [de negócios], que sempre foram em rede de uma forma ou de outra. Só que agora estão em redes digitais, em tempo quase real, habilitando agentes que conseguem dar atenção integral e individual a cada membro de sua rede, seja fornecedor, consumidor, parceiro ou colaborador, criando formas multifacetadas e transparentes para criação, entrega e captura de valor. Valor digital. Em redes, digitais.

Historicamente, um dos maiores problemas dos processos de mudança é que o processo, em si, e seus resultados são avaliados por indicadores do passado [talvez até do presente] e não do futuro do negócio. Uma das vantagens do espaço figital [de negócios] sobre o analógico é que no digital, em rede, é –deveria ser- em tempo [quase] real. Assim como seus indicadores de performance.

Um negócio em rede, digital, conectado, tem métodos, sistemas, modelos e indicadores em rede, digitais, conectados e em tempo real. E chegar “lá” não é um passeio, muito menos uma aventura; é um caminho, às vezes longo e complexo, mas trafegável, e cheio de descobertas.

E uma boa parte das descobertas está relacionada ao processo de transformação em si e aos seus elementos essenciais. Transformar é descobrir, experimentar, aprender. Em rede. No mercado. Uma transição de analógico, ou físico, para figital, digital first.

tem que transformar

mas nenhuma transformação é trivial

Ainda menos uma transformação que exige repensar as bases dos negócios, um salto de plataformas analógicas para digitais, o novo e ainda pouco entendido substrato para coopetir nos mercados contemporâneos.

Muito menos uma transformação em mercados onde a história e aprendizados do passado, executados no presente, governados por regras que levaram tempo -décadas, talvez- para se estabelecer, garantem uma performance da qual todos se orgulham. Mas é uma performance do passado, no presente. E o futuro?

Transformação [figital] estratégica deve ser vista como uma oportunidade, muito mais do que como problema. E tratar novas oportunidades [de negócios] é descobrir caminhos entre o desejo, iniciativa… as aspirações e a execução, realização… as capacidades, um processo que depende de tempo para construção de alguma [nova] ordem.

Transformar é estratégia, em execução. Estratégia é a prática [comprovada] de criar capacidades para realizar aspirações no tempo, espaço e escala do [e no] mercado. Transformação digital é criar caminhos, nos limites do espaço-tempo organizacional e de seus recursos, que transformam aspirações figitais em capacidades digitais, analógicas e sociais, em tempo quase real.

por que transformar

o futuro não é uma opção

É a pergunta óbvia, principalmente para quem tem um bom negócio agora. E a resposta é:…

…porque os mercados -todos- estão passando por uma adaptação, por uma mudança não necessariamente incremental –e potencialmente radical- dos fundamentos de suporte aos processos de criação, entrega e captura de valor em todos os tipos de organização, com as bases analógicas [ou analógicas digitalizadas] sendo trocadas por plataformas digitais, em rede, que redefinem a vasta maioria dos ecossistemas de negócios.

Quem não der -agora- os primeiros dos muitos passos que levam do analógico para figital correrá o risco de não mais poder –e em pouco tempo- fazer uma transição gerenciada e incremental entre os dois estados. E, como já dissemos, há basicamente duas formas de fazer uma transformação: com tempo, onde pequenas rupturas são articuladas para causar mais impacto, paulatinamente e, articuladas, grandes rupturas; e sem tempo, quando a tentativa de romper com o passado de uma vez normalmente tem impactos muito dramáticos nas organizações… quando não fracassa completamente.

Todos os negócios, grandes e consolidados ou pequenos e em formação precisam se adaptar, evoluir e –ao fim e ao cabo- se transformar para competir numa economia de plataformas digitais, como protagonistas de seus ecossistemas coopetitivos.

o que transformar

já é o tempo das plataformas de pessoas para pessoas

No nosso entendimento, transformação [figital] estratégica é um processo de aculturação pelo qual indivíduos, times e organizações são levados a mudar incrementalmente de comportamentos e estruturas analógicas para uma ecologia de plataformas digitais.

Defendemos que o processo de passagem de uma plataforma analógica para outra, digital, implica essencialmente em incorporar uma série de mudanças de comportamento. Isso exige o entendimento de contextos baseados em redes de pessoas, instituições e coisas conectadas, participando de relacionamentos e interações e produzindo dados. E no tratamento que o negócio tem que dar, em tal ambiente, às interações com redes internas e externas, no mercado, para produzir significados e conhecimento.

Adaptar-se a plataformas digitais significa estar preparado para mudanças contínuas e [quase sempre] rápidas. O digital, diferente do analógico, é fluido e passa por evolução ininterrupta; aqui, nada está definitivamente pronto, tudo está preparado para mudar em resposta ao contexto.

O digital é mutante, porque é programável, sempre sendo programado e, portanto, mudando o tempo todo. O DNA dos mercados figitais é software; todos o escrevem, se reescrevendo, o tempo todo. Isso cria um tempo fluido, onde tudo evolui ao seu redor mesmo que você não faça nada para tal. Mesmo que você não mude, seu mercado se transforma; transformação acontece nos mercados, principalmente, e carrega consigo as empresas.

como transformar

uma transformação nem sempre é uma ruptura,
especialmente quando dá certo

As tentativas de transformar negócios analógicos em digitais em um único salto, como se fosse possível encantar um big bang de bits, não têm dado resultado em lugar algum.

Muito pelo contrário: as evidências mostram que alargar o espectro da mudança, diminuir o tempo para mudar, aumentar em demasiado o impacto inicial nas pessoas, dentro e fora do negócio, aumenta muito as chances de fracasso de iniciativas de transformação. Porque tudo fica mais complicado, tenso e urgente, e não há tempo para mudar quase nada de verdade.

O que a prática e as evidências de fracasso e sucesso mostram é que começar pelas bordas, mas com o apoio e engajamento do centro, empoderando os agentes de mudança, pode estabelecer um fluxo contínuo de mudanças –de pequenas melhorias, inclusive- que, articuladas no tempo, vão causar mudanças profundas no DNA do negócio e do seu ecossistema.

Uma transformação –qualquer, especialmente de analógico para digital afeta toda a organização. Se for possível evitar rupturas imediatas, fica tudo muito mais fácil. Porque se cria o tempo para criar as grandes rupturas, no tempo longo da organização, envolvendo e redesenhando a cultura do negócio, que é onde a transformação verdadeira ocorre. Vale a pena lembrar que adquirir e instalar novas tecnologias não é transformação digital, é digitalização, é o que estava sendo feito nas empresas até o começo dos anos 2000. De lá pra cá, quase tudo mudou.

quando transformar

todo tempo, o tempo todo

A experiência em negócios associada à performance em cultura digital é a chave para a transformação [figital] estratégica nos [grandes] negócios que querem protagonizar futuros figitais.

O desafio de negócios que ainda estão ausentes do futuro figital, ou mesmo aqueles que observam ou seguem esses futuros, está na incorporação de cultura digital nos seus processos decisórios e de execução.

É preciso estruturar, articular e executar movimentos de aculturação digital com foco em inovação nos negócios. Inovação é mudança de comportamento de agentes, no mercado, como fornecedores e consumidores de qualquer coisa.

Inovar, para mudar de analógico para digital, exige um conjunto de movimentos que promovam o contato de indivíduos, times e organizações com a cultura digital, através de vivência com experiências próprias desse contexto.

O processo de adaptação, evolução e transformação digital proposto por strateegia tem por objetivo levar instituições que estão ausentes do futuro figital a protagonistas deste mesmo futuro, passando por momentos onde primeiro se tornam observadoras e, depois seguidoras do futuro digital.

E porque falamos de futuro figital, e não de digital, apenas? Porque, em muitos cenários, e há muito tempo, o futuro figital já chegou; ele só não está distribuído homogeneamente no tempo e no espaço para todas as organizações e mercados. E esse é o problema a tratar, e agora, enquanto é tempo.

Por fim, transformação figital –ou digital, estratégica- não é um processo comum, que tem começo, meio e fim. Porque digital não é inaugurado, é publicado. E reescrito o tempo todo. À medida que cada agente dos mercados figitais reescreve e republica seu código, todo o mercado é impactado e comportamentos mudam, e normalmente não dos seus clientes nas suas interfaces, mas deles nas interfaces dos ouitros. Como resultado… você tem que reescrever seu código que, publicado, impacta os clientes dos outros na sua interface … e aí ou outros começam a reescrever seus códigos e…

Protagonistas do futuro figital se transformam, o tempo todo, à frente de todo o mercado.

Este texto foi escrito pelos professores Silvio Meira e André Neves.

A tds.company é a casa de strateegia, uma teoria da prática para transformação estratégica, sobre a qual escrevemos uma frase longa, ilustrada, que está disponível em pdf, no link https://bit.ly/TDSCsat. O nosso trabalho de habilitação estratégica é feito sobre uma plataforma digital que pode ser testada gratuitamente no link https://strateegia.digital.

Photo by Daniele Franchi on Unsplash

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