Já é possível “conversar” com a máquina e obter dela imagens originais; designers têm utilizado processos da área para otimizar resultados e isso pode revolucionar a maneira como encaramos a inovação
“Relógio inspirado nos produtos eletroeletrônicos da década de 1950 da empresa alemã Braun para pessoas que curtem os aparelhos contemporâneos da marca Apple”. Enter. Imaginem obter como resultado dessas orientações uma imagem construída através de inteligência artificial sem que para isso seja necessário qualquer editor gráfico digital. A possibilidade, impensável na metade do século passado, quando os designers começaram a utilizar o computador para criação, já é viável e promete impactar a maneira como promovemos a inovação. As imagens abaixo são parte de um experimento do cientista associado da TDS Company, André Neves, com o exemplo que abre o texto.

A promessa dessa inovação, que começa a sair dos laboratórios avançados e a ganhar o dia a dia dos designers, é a de estabelecer entre a máquina e o usuário uma relação colaborativa. Em vez de projetar “no” computador, passaremos a projetar “com” o computador, dialogando e encontrando soluções com ele, em vez de apenas oferecer inputs para obter como retorno o que está pré-programado.
“No design with a computer, dialogamos, trocamos possibilidades, evoluímos palavras e imagens. Até chegarmos, juntos, o designer e o computador, ao objeto representado na imagem”, conta André Neves, que também é pesquisador e professor de Design da UFPE. “É tempo de experimentar sem encantamentos e sem preconceitos. Vamos ao novo de novo. A DALL-E e a dreamstudio.ai são ferramentas que inauguram esse novo tempo e são acessíveis para qualquer pessoa criativa que deseje explorar esse terreno”, complementa.
A produção de artefatos digitais através desta tecnologia se dá através de experimentos onde o humano atua em colaboração com algoritmos computacionais. O papel do designer neste contexto seria o de elevar o uso da linguagem, ao manter com a máquina um diálogo que leva em conta processos da sua área de atuação, alcançando resultados mais sofisticados que a mera construção de imagens aleatórias sem o devido método criativo.
É aqui que entra o desafio da inovação, um processo que vai muito além da adoção de novas tecnologias. Existe aí uma série de oportunidades para os negócios com a união de IA com design na concepção de novos produtos e serviços. Mas, para tanto, é preciso, mais do que operar a ferramenta, desenvolver uma mentalidade capaz de se relacionar com a tecnologia de forma inovadora. Imagine só mobilizar os diversos setores da empresa – designers ou não – para a criação colaborativa de um texto que traduza em imagem o protótipo de uma nova ideia? Ou que seja capaz de criar a marca da empresa que expresse o espírito de toda a equipe?
“As ferramentas ainda estão em fase de experimentação e dentre os desafios estão a construção dos melhores prompts para dialogar com os computadores e gerar as melhores imagens; e o desenvolvimento de habilidades capazes de prescrever caminhos para extrair do algoritmo computacional o melhor resultado. É neste ponto que profissionais de TI e designers se encontram”, comenta André Neves.
NEURONAPSE – A APLICAÇÃO DESENVOLVIDA NOS LABORATÓRIOS DE PESQUISA AVANÇADA DA TDS
Neuronapse é a aplicação em desenvolvimento nos laboratórios de pesquisa figital avançada da TDS Company para auxiliar os processos de concepção de novos produtos com inteligência artificial. Ainda em fase de experimentação, o projeto – pioneiro no mundo – surgiu a partir da percepção de que as ferramentas de IA para geração de imagem existentes no mercado demandam do usuário competências específicas para a sua utilização.

A ideia básica por trás da aplicação da TDS é atuar como intermediária da conversa entre a pessoa e a máquina, oferecendo referências de apoio – as neuronapses – previamente elaboradas por um time de designers para orientar as escolhas dos usuários.

“Quando começamos a experimentar as ferramentas de IA para geração de imagem, percebemos que a dificuldade para atingir um resultado final satisfatório pode frustrar as pessoas que não possuem background em design. Então começamos a trabalhar em um projeto capaz de fazer o que batizamos de ‘neuronapses’. Criamos gatilhos através de referências inspiradas em elementos de design e obras de arte que estimulam as redes neurais do usuário a seguir determinados estilos e atingir resultados maduros do ponto de vista estético. O próximo passo agora é trabalhar em melhorias incrementais da aplicação e depois convidar usuários para experimentar o aplicativo”, relata André Neves.