Devemos nos preocupar com inteligência artificial na educação?

O ChatGPT é um modelo de processamento de linguagem natural (NLP) de código aberto desenvolvido pela OpenAI que se popularizou rapidamente por sua capacidade de analisar entradas de texto e gerar respostas eloquentes, fornecendo uma experiência de conversa intuitiva e acessível. A aplicação não demorou para ser utilizada como fonte de trabalhos escolares e acadêmicos, o que reacendeu o debate sobre o uso de IA na educação. Afinal, professores e estudantes precisam se preocupar?

Não é a primeira vez nem será a última que uma nova tecnologia estremece os paradigmas com os quais estamos habituados. O ChatGPT aparentemente protagoniza um desses momentos, nos obrigando a repensar modelos considerados até então satisfatórios, como é o caso da avaliação por meio de provas.

A aplicação já foi submetida a um exame da primeira fase da OAB e foi “aprovada”. Dezenas de casos similares já foram veiculados no Brasil e no mundo, dividindo opiniões sobre o impacto de ferramentas desta natureza no aprendizado. Deixaremos de aprender? Deixaremos de ensinar?

Bom, antes de tudo, é importante registrar que, embora conte com um algoritmo poderoso, a IA tem uma limitação nada trivial: ela só trabalha quando treinada por um banco de dados que, em sua última fronteira, contou com a participação do intelecto humano.

O ChatGPT aprende com o conteúdo produzido pelos usuários nas redes sociais, com livros assinados por autores, matérias publicadas por jornalistas, enfim, o que nos leva a acreditar que estamos longe de dispensar a criatividade e o esforço humano na produção de conteúdos – e conhecimento – originais.

Como defende André Neves, cientista associado da TDS e pesquisador de inteligência artificial há mais de duas décadas, o surgimento de novas tecnologias não substitui os seres humanos, mas dão ao indivíduo um novo papel. E é este novo papel que devemos – estudantes, professores e sociedade – compreender.

“Quando os editores digitais de texto surgiram, me lembro bem, muitos professores torceram o nariz, cobrando do estudante trabalhos datilografados. Com a popularização de buscadores como o Google, também houve um período em que a facilidade de acesso à informação era percebida como uma trapaça, se comparada com o esforço da pesquisa em uma biblioteca, sem esquecer claro, das passeatas dos professores anticalculadora na década de 1970”, diz.

O pesquisador acredita que o ChatGPT deve estimular outras formas de estudantes e professores lidarem com a aprendizagem. Um exemplo interessante surgiu de um usuário no Reddit sobre um professor de história que tem distribuído para os estudantes artigos produzidos pela aplicação da OpenAI e promovido o debate em sala de aula sobre o que o chatbot teria acertado ou errado.

O INTERESSE PELO APRENDIZADO

Nós já tratamos aqui no blog da escola figital e a retomada do interesse pelo conhecimento. Atualmente, a escola vive sob um paradigma medieval. Inspiradas na cultura monástica, a sala de aula é delimitada por muros e situam os estudantes na base de uma hierarquia que tem o professor no topo, transmitindo o conhecimento monologicamente.

O modelo se opõe ao proposto na Antiguidade, como o da Academia de Platão e da Escola Peripatética, de Aristóteles. Ambas guiavam o aprendizado dos alunos através de reflexões sobre problemas reais. A elaboração de perguntas era tão importante quanto as respostas.

Mestres e discípulos circulavam em espaços abertos, sem muros, criando uma rede dialógica onde o conhecimento poderia ser construído coletivamente. Percebam que a proposta do professor no exemplo publicado no Reddit se aproxima bastante deste modelo clássico. O foco aqui é o debate e a construção do conhecimento. O ChatGPT é apenas uma ferramenta.

COMO USAR O CHATGPT DA MELHOR FORMA PARA O APRENDIZADO?

O uso massivo do ChatGPT ainda é recente e, como toda vanguarda, ainda estão para ser descobertas muitas das funções na educação. Mas já temos alguns exemplos de como a ferramenta podem ajudar professores e estudantes.

    • Criação rápida de questionários
    • Gerar tarefas personalizadas para o perfil de cada estudante gerar tarefas diferenciadas, ou seja, personalizadas ao perfil de cada aluno;
    • Elaboração de plano de aula segundo o nível de maturidade da turma
    • Produção de questões-chave para debate sobre determinado tópico
    • Elaboração de artigos para serem corroborados ou refutados pela turma sobre o assunto exposto
    • Auxiliar os professores a economizar tempo e esforço
    • Geração de feedbacks automáticos
    • Realizar fichamento de artigos completos
    • Realçar as ideias centrais de um texto
    • Criar esboços para textos, evitando o bloqueio criativo no ponto de partida

Lembre-se sempre da regra de ouro: o chatbot não é infalível e suas respostas não podem ser consideradas a última palavra sobre determinado assunto.

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