A pandemia provocou em dois anos uma aceleração digital de pelo menos meia década. A indústria, que já estava discutindo a substituição de sistemas legados por plataformas integradas, cibersegurança, coleta de dados em tempo real e gêmeos digitais, se viu obrigada no pós-pandemia a aumentar seu portfólio de desafios com as novas demandas urgentes que passaram a surgir. Além das necessidades comerciais regulares para otimizar o operacional, reduzir custos e aumentar receitas, a indústria precisou lidar com questões inéditas, como os pedidos online, relação direta com o consumidor final sem o intermédio do varejo, e-commerce, etc.
Agora, felizmente, o mundo está em recuperação. Mas a mentalidade e o comportamento das pessoas se alteraram para sempre, impondo à indústria, ao mesmo tempo, desafios pré e pós-pandêmicos. Resolvê-los é, sem sombra de dúvidas, tarefa hercúlea, mas já sabemos quem está apta para tanto: a fábrica do futuro.
A FÁBRICA DO FUTURO
A fábrica é o principal equipamento social de produção dos bens de consumo há pelo menos 200 anos. Sua história é inseparável da própria inovação: são pelo menos quatro revoluções industriais, onde substituímos a manufatura pela mecanização, aprendemos a produzir energia elétrica, desenvolvemos o motor à combustão, a eletrônica digital e passamos a aplicar tecnologias inteligentes para automação e troca de dados.
Com as profundas transformações do mercado causadas pela pandemia, a indústria se vê novamente diante de sua vocação para inovar, desta vez em um mundo figital, onde o físico é expandido pelo digital e orquestrado pelo social.
>>> Sugestão de leitura: A fábrica figital, artigo assinado pelos nossos cientistas Silvio Meira e André Neves.
A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA FÁBRICA DO FUTURO
A fábrica do futuro é figital e dialoga diretamente com a indústria 4.0, marcada pela robótica, automação, análise de dados em tempo real, otimização da cadeia de suprimentos e soluções baseadas em softwares como serviço (SaaS).
Obviamente, a tecnologia é um dos elementos principais para o sucesso da fábrica do futuro e muitos líderes do setor industrial têm dedicado energia para preparar suas organizações para lidar com aplicativos que melhorem o desempenho geral e o valor comercial de longo prazo próprios, de seus parceiros e de seus clientes.
TECNOLOGIA É IMPORTANTE… MAS NÃO É O PRINCIPAL
Como já foi dito anteriormente, a pandemia promoveu uma aceleração digital inédita na história, mas isso não quer dizer que o pivô deste fenômeno tenha sido a tecnologia. Basta observar com atenção o período para constatar que nenhuma tecnologia especial foi inventada. O que provocou a alteração no paradigma global foram as pessoas, que, provocadas pelo isolamento, tiveram o comportamento profundamente alterado pela supressão de parte do espaço físico e passaram a utilizar com mais frequência o espaço digital para transações, trabalho, aprendizagem e socialização.
De acordo com Silvio Meira, cientista-chefe da TDS Company, transformação digital estratégica é um processo de aculturação através do qual indivíduos, times e organizações são levados a mudar incrementalmente de comportamentos e estruturas analógicas para uma ecologia de plataformas digitais. Infelizmente, muitas empresas, inclusive as do setor industrial, ainda acreditam que a transformação digital tem como protagonista a aquisição de novas ferramentas.
A boa notícia é que muitas pessoas do setor já compreenderam que para construir a fábrica do futuro, a principal transformação é a cultural. É o que aponta relatório produzido pela AT&T Business e WBR Insights, que ouviu 60 líderes da indústria de manufatura – em funções que vão desde o chão de fábrica até a sala da diretoria – sobre suas prioridades para o futuro. Seguem alguns dos resultados que apontam importantes tendências para a construção da fábrica do futuro:
- 25% buscam produtos inovadores que possibilitem novos fluxos de receita;
- 25% defendem a integração entre design, operações, ciclo de vida e cadeias de suprimentos;
- 22% procuram aumentar a automação em suas operações de fábrica;
- 75% demonstraram interesse em análise de dados;
- 70% defendem a manutenção preditiva como essencial em suas fábricas; e
- 69% informaram que a internet das coisas (IoT) será tratada com protagonismo na estratégia da empresa.
DESAFIOS [E OPORTUNIDADES] DA FÁBRICA DO FUTURO
Ainda de acordo com AT&T, gigante americana de telecomunicações, construir a fábrica do futuro exige a superação de desafios conhecidos e a adoção de boas práticas. Segue alguns dos fatores que mais impactaram a indústria em 2022:
- Preocupações ligadas ao retorno lento do investimento;
- Disponibilidade de habilidades e recursos;
- Gerenciamento de custos;
- Integração de novas tecnologias;
- Análise de dados para tomada de decisão em tempo real;
- Proteção das margens de lucro contra a inflação;
- Fortalecimento de parcerias e colaboração entre marcas e fornecedores;
- Adoção de gerenciamento ágil de projetos;
- Expansão dos departamentos de RH e adoção de visões de longo prazo sobre os as habilidades que precisam desenvolver;
- Planejamento de vendas, estoque e operações de curto, médio e longo prazo; e
- Revisões regulares da estratégia de transformação digital para evitar pontos cegos e riscos.
A INDÚSTRIA [BRASILEIRA] DO FUTURO
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou este ano uma pesquisa onde 69% da indústria nacional apareceu como usuária de pelo menos uma tecnologia digital. O resultado registra aumento significativo, se comparado a 2016, quando o número era de apenas 48%.
O avanço apresentado nesta pesquisa sugere uma preocupação latente dos industriais com a transformação digital do setor, o que é excelente. Mas não é a digitalização dos processos que irá, por si só, ser a base da inovação ou promover a transformação dos modelos de negócios e criar novas formas de valor. A fábrica do futuro precisa transformar a arquitetura e organização que cria, entrega e captura valor nos mercado em rede, como resultado da transformação digital de processos, produtos e serviços da indústria para seu ecossistema.
Por outro lado, a CNI capturou um dado preocupante: dentre os itens mais citados como barreiras para a transformação estão a cultura da empresa e a falta de clareza na definição do retorno sobre o investimento. Trata-se de elementos que atravessam justamente a visão do negócio sobre inovação, sendo a própria mentalidade organizacional – em todas as faixas hierárquicas – o entrave para a mudança.
Marco Fontes tem larga experiência no setor industrial e atua como habilitador da TDS Company nas jornadas de transformação figital dos clientes. Para ele, um dos grandes entraves da transformação na indústria nacional é que muitos líderes restringe a inovação à redução de custos e à otimização de operações de maneira imediata.
“A formação dos nossos industriais é focada no aumento de eficiência e redução de custos e muitas vezes não entendem a inovação como um ativo crucial para a sobrevivência da empresa. Estabelecer um programa de inovação esperando resultados a curto prazo gerará apenas frustração e resultados superficiais. Deve-se pensar no potencial da inovação a médio e longo prazo, considerando que as soluções evoluirão de forma iterativa e incremental. É preciso começar a trabalhar esse aspecto hoje, pois se você espera demais, os concorrentes que se anteciparam vão minar sua competitividade”, avalia.
Para Marco, as métricas utilizadas na indústria estão focadas no lucro e na eficiência dos processos e, como consequência, a estratégia não é centrada nas pessoas, o que impacta diretamente no capital intelectual e consequentemente no potencial dos colaboradores melhorarem seus processos por meio de inovação.
“É preciso estabelecer um portfolio de execução, através do qual o negócio é sustentado; e um portfolio de exploração, por meio do qual testamos novas ideias e avaliamos constantemente onde é preciso investir mais ou menos, mudar (spin out), gerar outro negócio ou até mesmo evoluir para se tornar uma função principal. O core business deve sustentar a inovação no presente e a inovação sustentará o core business do futuro”, complementa.
Estamos atrasados no processo de transformação. Ainda há tempo, mas as indústrias que não se movimentarem logo para migrar efetivamente do analógico para o digital, estão em risco. Chegará em muito breve o momento onde não será mais possível fazer uma transição devidamente planejada, através de pequenas rupturas, entre os dois estados. Ao se virem obrigadas a promovê-la de maneira abrupta, as indústrias causarão grandes impactos negativos nos próprios negócios, podendo até mesmo destruí-los.
Ninguém inova porque gosta. Mas porque precisa. Sem inovação constante, negócios eventualmente tornam-se obsoletos. A receita para uma indústria nacional competitiva e sustentável está dada: estabelecer como desafio número um a incorporação de uma cultura digital nos processos decisórios e de execução.
A TDS COMPANY E A SUA FÁBRICA DO FUTURO
A TDS conta com um time de habilitadores de robusto capital intelectual responsável pela aplicação de uma metodologia exclusiva criada com base nas experiências práticas e teóricas do cientista-chefe Silvio Meira e do cientista associado André Neves. Muito mais que uma consultoria tradicional, nossos times de especialistas conduzem as pessoas do negócio em uma trilha colaborativa construída através de conceitos de business design e estratégia.
Planejamos e executamos a gestão da inovação estratégica para garantir alta performance e um ciclo contínuo de evolução enquanto nossos clientes se concentram no core business de suas empresas para o mercado atual.
Nosso objetivo é habilitar seu negócio para o futuro digital sem fórmulas prontas. Queremos uma experiência personalizada. Única. Especial. Desenhada por você e para você com nossa ajuda. Ao fim, esperamos que o seu time seja capaz de reconhecer as oportunidades inovadoras disponíveis e possa transformar as aspirações do negócio em realidade.